quinta-feira, 25 de junho de 2009

Trapos

Desnudei meu coração. Ele era todo visível a ele. Encarava-o sem poder vê-lo. Nua, despudorada, completamente exposta, vulnerável. O frio e o medo me tomavam. Arrepio. Então foi a vez dele. Fez muito mais que eu. Teve coragem de se rasgar. Estilhaçou seu coração. Fez-me visível todas as suas entranhas. Ele finalmente fazia e sentido. E só diante daquela sena. Só de fronte de corações retalhados é que se fez possível dizer eu amo.

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Destino meu nada, pois nada tenho, mas tenho a quem destinar. Destino aos que tem orgulho do que fazem. Aos que não tem medo de ser tolos. Aos que amam e idolatram suas criações. Aos que as fazem parecer incríveis. Aos que são felizes com amando suas criações bobas ou geniais. Aos que não tem falsa modéstia. Aos que não tem medo de ser orgulhosos e não o escondem. Pois são estes os que fazem alguma coisa já que não há ninguém que consiga sinceramente assumir sua ignorância.

terça-feira, 2 de junho de 2009

Nostalgia

Foi fazendo um curativo na ponta do dedo que eu lembrei de você. Você ainda lembra de mim. Espero que não, pois mudei muito e não sei se gostaria de ser lembrada da maneira que me lembro de ser naquela época. Mas talvez você não se lembre de mim do mesmo jeito. Como eu costumava ser? Bem, pergunto isso pois tenho a impressão de lembrar de você com mais carinho do que tinha quando aquela época era o presente. É estranho pensar como a distância muda o passado. Mas deve ser mesmo verdade. Minha admiração por você só cresceu, talvez se ainda te visse nem te admirasse mais. Ainda bem que não vejo. Prefiro não ver. Uma frustração a menos. É tão triste quando uma lembrança boa é destruída pelo pretensamente real presente. Em compensação é agradável pensar que coisas irritantes às vezes se tornam lembranças agradáveis. Por exemplo um machucado na ponta do dedo que traz consigo a sensação de uma época inteira em que ele era um incomodo constantemente presente. É agradável por trazer lembranças. Por te lembrar que há uma história sua. Há algo mais especial do que isso?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

É claro que teremos adeptos a nossa nova escola de velhas artes repaginadas

Mundo


Tive a impressão de que tudo que disse até agora bastava. Que não era mais necessário dizer nada. Que tudo era novamente redundância. Que ingenuidade. Havia ainda tanto para ser tirado de um mergulho profundo pelo caracóis coloridos de dentro de mim. É apenas assim que sei viver: Num mundo meu. Mundo confuso. Colorido eu disse? Nem tanto. Não digo monocromático, sem cor, em sépia ou preto e branco, mas são poucas as cores que ele permite que o consistam: cores sérias. Mas não sérias mesmo. Tornar um mundo de cores sóbrias absurdo torna as coisas mais divertidas. Ou a meu ver mais interessantes. Além de cores: espirais, eles tem começo e fim diferentes, mas ninguém sabe qual é qual e um dos dois é no meio. Assim é minha vida. Um espiral de cores tristes tentando formar um desenho alegre. Cores alegres? Superficiais. Realidade? Sim, às vezes, porém, dolorosa que é, aqui se brinca com ela. Se desmonta e remonta, mudam se peças. Ela é sempre a matéria prima, mas obra final, quando cumpre seu objetivo, acaba sendo mais agradável. Talvez seja errado esse mundo, mas é como aprendi a viver.