sexta-feira, 30 de julho de 2010

É assim que eu me senti no último mês. Quanto mais pra baixo a frase mais antigo o meu sentimento, mas vendo por esse ângulo, gosto bastante do meu Blog.

Diga a eles que não quero mais receber visitas.
Esperava que seus olhos o fizessem compreender.
Por que isso é errado pra eles?
Espero, Sonho, Espero
Acho que é uma coisa muito minha, mas pra mim é verdade.
Noites que são fatos isolados sem nenhum sentimento me incomodam de mais
Voltaram para suas vidas medíocres um sem saber ao certo como andava o futuro do outro.
Quero voltar e ter saudades de lá, mas quero reaprender a viver aqui.
Já estava feliz de simplesmente voltar a ver cores e borboletas.
Logo continuaria como antes, apenas longe dela.
Será que todas as noites vão ser assim?

Morfina

Quando entrei no quarto já a encontrei deitada com as feridas expondo sua carne deslacerada. Ela não se levantaria tão cedo. Me ative na porta uns instantes contemplando-a. Seus olhinho me encaravam sem parar. Era aflitivo olhar para os olhos, mas quando fugia dele encontrava as feridas. Era como se mais nada existisse naquele quarto.
"Dói muito?"
Seu olhar se tornou ainda mais penetrante. Pensei no rosto meigo, em seu sorriso, era como se nada disso existisse. Nunca a vira tão séria e tão fria.
"Não. Já doeu muito. Agora acabou. Agora eu não sinto mais nada. Nem bom nem ruim."
Ela parou e tentou esboçar um sorriso. Parecia difícil. Ele saiu torto e discreto. Achei que ela tinha esquecido como sorria.
"Não sei o que você acha do que eu te digo, ou de como estou, mas antes que resolva qualquer coisa definitiva a meu respeito, lembra que você não sabe como doía. Eu sinto muito. Diga a eles que não quero mais receber visitas."

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Jantar

Sentada a frente de Ricardo, Joana encarava seus olhos azuis brilhando. Tomava o vinho rápido, para não se dar a chance de falar. Ele a olhava com ternura, mas aquele azul sempre parecia mais distante. Por mais próximo que estivesse dela, ainda era inalcansável e inabalável. Hábil em tudo o que fazia, com a postura infalível, se mostrava muito mais perfeito do que era. Joana se intimidava, mas não deixava sua insegurança transparecer. Arregalava os olhos verdes contra os azuis e bebia mais um gole de vinho.
"Acho que o que eu mais amo em você é o seu mistério e junto com ele a possibilidade de poder te desvendar. Você é um mundo inteiro desconhecido, mas me dá a chance de fazer parte dele. No começo é difícil, mas depois se conhece os caminhos, se habitua a paisagem. Não me deixa te atravessar, que assim vou embora. Eu não quero ir embora. Quero ficar no seu mundo por inteiro, e não só como sombra, mas não se revele, sempre guarde um segredo pra me surpreender. Não quero que seja monótono. Assim como está você me seduz, mas até onde? Até onde me deixa e até onde eu quero chegar. Você precisa descobrir. Eu também sou um mundo. Vem."
Era tudo o que ela desejava dizer, mas não soltou uma palavra. Esperava que seus olhos o fizessem compreender.

Não Ainda


Resolvi que adoro as tirinhas desses caras... são lindas...

Sentada na laje com o gato no colo ela observava a avenida longe, lá em baixo. O Sol iluminava, mas não esquentava. Era mais uma manhã pálida e alegre que fazia seus olhos brilharem.
—Dizem que eu não devia estar aqui. Que não é lugar pra uma menina. Pra você sim, você é um gato, você vai aonde bem entende. Quanto mais difícil de chegar mais você gosta e todos te entendem, afinal você é um gato e não uma menina. Meninas devem ficar no chão. Acho que às vezes confundem meninas com bonecas. É incrível como isso é mais frequente do que confundir um gato com um cachorro. Você odiaria se isso acontecesse.
Ela fez uma pausa. Os carros continuavam a correr na avenida daquela cidade cinza com Sol amarelo e Céu azul. O gato se esticava em seu colo preguiçosamente.
—Eu gosto tanto daqui. De não sentir a fumaça da cozinha, nem dos carros. De estar mais perto do Céu. De pensar que ninguém vai me encontrar. Por que isso é errado pra eles?

domingo, 25 de julho de 2010

Pra não perder o costume

Lista de coisas que faço pra tentar tirar esse gosto de adoçante:

-Presentes pra todas as pessoas que eu conheço, fazem aniversário e combinam com alguma coisa que eu sei fazer
-Brigadeiro
-Saio na rua maquiada e invento alguém pra ser (já até disseram que eu tinha mesmo cara de Aline)
-Cinema. (Eu tive que escolher entre fazer cinema ou história e acabei escolhendo a história, logo ainda gosto muito mais do cinema.)
-
Recorto revistas
-Escrevo diários
-Listas
-Minha tatuagem
-Café
Espero, Sonho, Espero

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Voltei pra velha rotina de férias que adora comer os meus miolos. Msn, TV, orkut, agora Twitter. Pelo menos agora eu voltei com coragem pra enfrentar e até não ligar para os assuntos interminados paulistas.
Meu maior problema agora é missão impossível de arrumar meu quarto. Normalmente eu faço isso a cada seis meses nas férias quando um namorado termina comigo. Dessa vez eu não tive muitas férias graças ao vestibular e o namorado terminou atrasado. Depois da minha formatura, depois da matricula, depois do carnaval, ainda bem que antes da calorada. Ainda bem? Bom, vamos ficar com o ainda bem.
Tenho então que arrumar a bagunça acumulada de um ano. Normalmente eu gosto de fazer isso. Porque eu encontro vários pedacinhos de mim escondidos na bagunça. Acho que a casa das pessoas diz muito sobre elas. Na minha casa eu tem gente de mais então é muito bagunçado, mas o meu quarto, que é o único espaço só meu, é ainda mais bagunçado. Mesmo assim eu trago as pessoas pra minha bagunça. É um lugar onde eu me sinto confortável que eu acho que faz as pessoas saberem alguma coisa de mim. Acho que mostro porque sou bem transparente com isso. Me incomodam as pessoas que escondem os quartos, que eu conheço a 3 anos e não conheço a casa. Acho que é uma coisa muito minha, mas pra mim é verdade.

terça-feira, 20 de julho de 2010

Não, não existem coelhos na Lua

Foi bom respirar ar puro. Minha vida paulista estava mesmo me sufocando. Não que lá eu não me estresse, me estresso até mais do que aqui, mas estar ocupada o tempo inteiro me faz esquecer das coisas que me sufocavam aqui.
Quando tinha tempo lá nem pensava para poder descansar melhor. Se pensava era no cigarro, na lua ou na próxima coisa a se fazer. Me descobri insegura, sempre pensando que o que eu fazia poderia estar terrivelmente errado, mas voltar sabendo que deu tudo certo é um conforto enorme. Também me senti mil vezes mais tímida, disfarçando ela sendo séria e objetiva. Sou ainda mais insegura por não conseguir falar com as pessoas e me sentir antipática.
Acho que antes pelo menos eu era meiga e sensível. Agora pareço ainda mais antipática pois fui ficando cada vez mais amarga. Não consigo acreditar em mais ninguém, mas eu sinto muita falta disso.
Minha fuga foi incrível. Parece que tudo que deixei de pendente aqui de alguma maneira se resolveu. Volto pra minha vida zerada e com gás pra continuar. De lá além do cansaço trago uma certeza da minha cabeça. Noites que são fatos isolados sem nenhum sentimento me incomodam de mais

segunda-feira, 12 de julho de 2010

depois

A última lembrança que um levava do outro era um clichê. A única coisa que os unia era o fato de terem estado, por um ano, cinco dias sim dois não, passando quatro horas do dia sentados na mesma sala olhando para o mesmo lugar ouvindo as mesmas pessoas falarem. Ele até que tinha boas notas para um idiota. Ela era insuportável para se conviver na sala. Ela não sabia tanto quanto achava que sabia.
O futuro esperado é que ele ganhasse dinheiro e boa vida não importa onde. Ela, que fosse uma acadêmica respeitada, quem sabe até política. O que sabiam é que depois da formatura não se veriam mais. No máximo ouviriam um ou outro amigo de amigo em comum mencionaria o nome do outro.
O futuro não era tão brilhante, nem eles eram tão clichês como se viam um ao outro.
Eis que uma noite se encontraram. Demoraram para se reconhecer sob as luzes estroboscópicas, a multidão, a música alta a álcool. Ela o viu, sorriu, sem acreditar que ele se lembrasse. Ele a encarou por alguns instantes, correspondeu o sorriso e foi abraçá-la. A conversa durou pouco e não dizia nada. Logo se tornou beijo.
Fora uma noite prazeroza, mas de manhã tudo já se havia desfeito. Ele havia deixado de ser o garoto do colegial, mas passava a ser mais um deitado em sua cama. Trocaram telefones sem a intenção de um dia se ligarem. Voltaram para suas vidas medíocres um sem saber ao certo como andava o futuro do outro.

Fugir

É um pouco melancólico ir embora sabendo que ninguém sentirá sua falta, mas por outro lado é bom. Significa que é mesmo hora de ir. Eu vou, volto logo, não acho que as coisas sejam assim extremas. Quero me afastar um pouco, ficar comigo. Quero que a volta me cause estranhamento. Quero voltar a gostar daqui e quero que aqui me surpreenda. Quero ter dias inesquecíveis lá. Quero me esquecer daqui. Quero voltar e ter saudades de lá. mas quero reaprender a viver aqui.

domingo, 11 de julho de 2010

Acho que além de quase tudo ter gosto de adoçante eu devo ter gosto de adoçante. Por que sempre sou só o que esconde o amargo sem culpa, mas que nunca é bom de verdade?

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Arriver

Ela voltava a ter borboletas nos olhos. Eram novas asas para tirá-a daquele pântano. Frágeis, sim, durariam pouco, mas o suficiente para que ela alcançasse qualquer lugar onde conseguisse voltar a andar e quem sabe até reconstruir seus castelos. Já pintava um lindo futuro em aquarela. Ele todo estava pronto nos mínimos detalhes, só esperando um novo balde d'água para dissolver suas cores, mas por hora não pensaria nele se desbotando. Já estava feliz de simplesmente voltar a ver cores e borboletas.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Xeque Mate

Estavam um diante do outro e se encaravam. A cena estática já acontecia há algum tempo, mas nada se mexia, palavras não vinham no emaranhado de pensamentos dos dois. Ele se perdia no mar que eram seus olhos castanhos. Ela se acuava em seus olhos claros. Ela se via a beira de um penhasco. Ela sabia o que devia fazer. Ela precisava sair daquele deserto que construíra para si, mas o olhar daqueles olhos verdes lha tirava as palavras.
Ela olhava ao redor, mas não via nada além do deserto de sua mente. No desespero resolveu que ira falar. Ensaiou em sua cabeça milhões de vezes antes de tentar. Abriu sua boa, porém a garganta continuava seca. Teria de se esforçar muito para falar, mas ela precisava. Ele não sabia como ela se sentia e ela não aguentava mais aquela prisão. Prisão sim, travestida de liberdade, mas sem conseguir se livrar dos mesmos pensamentos. Sem querer tudo em seu mundo a sufocava e pronunciar aquelas palavra seria o começo de sua fuga. Respirou fundo e sem pensar falou rápido com voz rouca:
-Eu vou embora.
Era como se ela pudesse voltar a respirar. Mais que isso, era como se tivesse roubado todo ar dele. Pela primeira vez ele estava no penhasco dela. Empurrado dele. Ele não tinha mais ação. Se dera conta de que nunca a conhecera e agora tudo desmoronava. Sabia que era uma questão de tempo até que se levantasse e voltasse a pose, mas havia sido surpreendido. Não reagiria, não agora.
Ela se virou e foi embora. Se perdeu no meio da multidão. Ele continuava perdido na lembrança dos olhos castanhos, aproveitaria a perda por mais alguns segundos, até que ela estivesse longe. Logo continuaria como antes, apenas longe dela.
O problema maior não é quando a vida perde o gosto, mas quando tudo tem gosto de adoçante.

domingo, 4 de julho de 2010

Mas bem que alguém podia inventar algum motivo melhor para passar a noite em claro

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Péssimo motivo para insônia

O cheiro de café frio derrubado no ralo inundava o ambiente enquanto ela colocava mais água pra ferver e voltava com pressa ao livro. Com lápis nos lábios e os dedos batucando nervosos a mesa ela continuava lendo sem a pretensão de entender o que lia. Era sua obrigação aquela noite. Em sua leitura robótica devaneava. Estava bem longe do bule de café e das anotações mal feitas. De tudo que era medíodre e necessário aquela noite. Atrás de seus olhos ela tinha uma noite maravilhosa com buquês de lírios e rosas. Ela já não aguentava mais aquela realidade. Aquela seriedade. Sem se dar conta sonhava. Logo se repreenderia por isso. Devia voltar ao trabalho. Produção intelectual, ora. Satisfação pessoal, obrigação. A noite seria longa, arrastada, difícil, custosa assim como sua visão sobre as palavras do livro, mas logo, logo mesmo, tudo terminaria e ela poderia voltar a sonhar. Se consolando assim, mesmo sem acreditar, passou mais café para aguentar até o fim. Será que todas as noites vão ser assim?