segunda-feira, 12 de julho de 2010

depois

A última lembrança que um levava do outro era um clichê. A única coisa que os unia era o fato de terem estado, por um ano, cinco dias sim dois não, passando quatro horas do dia sentados na mesma sala olhando para o mesmo lugar ouvindo as mesmas pessoas falarem. Ele até que tinha boas notas para um idiota. Ela era insuportável para se conviver na sala. Ela não sabia tanto quanto achava que sabia.
O futuro esperado é que ele ganhasse dinheiro e boa vida não importa onde. Ela, que fosse uma acadêmica respeitada, quem sabe até política. O que sabiam é que depois da formatura não se veriam mais. No máximo ouviriam um ou outro amigo de amigo em comum mencionaria o nome do outro.
O futuro não era tão brilhante, nem eles eram tão clichês como se viam um ao outro.
Eis que uma noite se encontraram. Demoraram para se reconhecer sob as luzes estroboscópicas, a multidão, a música alta a álcool. Ela o viu, sorriu, sem acreditar que ele se lembrasse. Ele a encarou por alguns instantes, correspondeu o sorriso e foi abraçá-la. A conversa durou pouco e não dizia nada. Logo se tornou beijo.
Fora uma noite prazeroza, mas de manhã tudo já se havia desfeito. Ele havia deixado de ser o garoto do colegial, mas passava a ser mais um deitado em sua cama. Trocaram telefones sem a intenção de um dia se ligarem. Voltaram para suas vidas medíocres um sem saber ao certo como andava o futuro do outro.

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