quinta-feira, 1 de julho de 2010

Péssimo motivo para insônia

O cheiro de café frio derrubado no ralo inundava o ambiente enquanto ela colocava mais água pra ferver e voltava com pressa ao livro. Com lápis nos lábios e os dedos batucando nervosos a mesa ela continuava lendo sem a pretensão de entender o que lia. Era sua obrigação aquela noite. Em sua leitura robótica devaneava. Estava bem longe do bule de café e das anotações mal feitas. De tudo que era medíodre e necessário aquela noite. Atrás de seus olhos ela tinha uma noite maravilhosa com buquês de lírios e rosas. Ela já não aguentava mais aquela realidade. Aquela seriedade. Sem se dar conta sonhava. Logo se repreenderia por isso. Devia voltar ao trabalho. Produção intelectual, ora. Satisfação pessoal, obrigação. A noite seria longa, arrastada, difícil, custosa assim como sua visão sobre as palavras do livro, mas logo, logo mesmo, tudo terminaria e ela poderia voltar a sonhar. Se consolando assim, mesmo sem acreditar, passou mais café para aguentar até o fim. Será que todas as noites vão ser assim?

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