segunda-feira, 5 de julho de 2010

Xeque Mate

Estavam um diante do outro e se encaravam. A cena estática já acontecia há algum tempo, mas nada se mexia, palavras não vinham no emaranhado de pensamentos dos dois. Ele se perdia no mar que eram seus olhos castanhos. Ela se acuava em seus olhos claros. Ela se via a beira de um penhasco. Ela sabia o que devia fazer. Ela precisava sair daquele deserto que construíra para si, mas o olhar daqueles olhos verdes lha tirava as palavras.
Ela olhava ao redor, mas não via nada além do deserto de sua mente. No desespero resolveu que ira falar. Ensaiou em sua cabeça milhões de vezes antes de tentar. Abriu sua boa, porém a garganta continuava seca. Teria de se esforçar muito para falar, mas ela precisava. Ele não sabia como ela se sentia e ela não aguentava mais aquela prisão. Prisão sim, travestida de liberdade, mas sem conseguir se livrar dos mesmos pensamentos. Sem querer tudo em seu mundo a sufocava e pronunciar aquelas palavra seria o começo de sua fuga. Respirou fundo e sem pensar falou rápido com voz rouca:
-Eu vou embora.
Era como se ela pudesse voltar a respirar. Mais que isso, era como se tivesse roubado todo ar dele. Pela primeira vez ele estava no penhasco dela. Empurrado dele. Ele não tinha mais ação. Se dera conta de que nunca a conhecera e agora tudo desmoronava. Sabia que era uma questão de tempo até que se levantasse e voltasse a pose, mas havia sido surpreendido. Não reagiria, não agora.
Ela se virou e foi embora. Se perdeu no meio da multidão. Ele continuava perdido na lembrança dos olhos castanhos, aproveitaria a perda por mais alguns segundos, até que ela estivesse longe. Logo continuaria como antes, apenas longe dela.

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