Sentada na laje com o gato no colo ela observava a avenida longe, lá em baixo. O Sol iluminava, mas não esquentava. Era mais uma manhã pálida e alegre que fazia seus olhos brilharem.
—Dizem que eu não devia estar aqui. Que não é lugar pra uma menina. Pra você sim, você é um gato, você vai aonde bem entende. Quanto mais difícil de chegar mais você gosta e todos te entendem, afinal você é um gato e não uma menina. Meninas devem ficar no chão. Acho que às vezes confundem meninas com bonecas. É incrível como isso é mais frequente do que confundir um gato com um cachorro. Você odiaria se isso acontecesse.
Ela fez uma pausa. Os carros continuavam a correr na avenida daquela cidade cinza com Sol amarelo e Céu azul. O gato se esticava em seu colo preguiçosamente.
—Eu gosto tanto daqui. De não sentir a fumaça da cozinha, nem dos carros. De estar mais perto do Céu. De pensar que ninguém vai me encontrar. Por que isso é errado pra eles?
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