Quando entrei no quarto já a encontrei deitada com as feridas expondo sua carne deslacerada. Ela não se levantaria tão cedo. Me ative na porta uns instantes contemplando-a. Seus olhinho me encaravam sem parar. Era aflitivo olhar para os olhos, mas quando fugia dele encontrava as feridas. Era como se mais nada existisse naquele quarto.
"Dói muito?"
Seu olhar se tornou ainda mais penetrante. Pensei no rosto meigo, em seu sorriso, era como se nada disso existisse. Nunca a vira tão séria e tão fria.
"Não. Já doeu muito. Agora acabou. Agora eu não sinto mais nada. Nem bom nem ruim."
Ela parou e tentou esboçar um sorriso. Parecia difícil. Ele saiu torto e discreto. Achei que ela tinha esquecido como sorria.
"Não sei o que você acha do que eu te digo, ou de como estou, mas antes que resolva qualquer coisa definitiva a meu respeito, lembra que você não sabe como doía. Eu sinto muito. Diga a eles que não quero mais receber visitas."
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