segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O Elefante
Carlos Drummond de Andrade

Fabrico um elefante
de meus poucos recursos
Um tanto de madeira
tirado a velhos móveis
talvez lhe dê apoio .
E o encho de algodão ,
de paina , de doçura .
A cola vai fixar
Suas orelhas pensas .
A tromba de enovela ,
É a parte mais feliz
de sua arquitetura .

Mas há também as presas ,
dessa matéria pura
que não sei figurar .
Tão alva essa riqueza
a espojar-se nos circos
sem perda ou corrupção .
E há por fim os olhos ,
onde se deposita
a parte do elefante
mais fluida e permanente ,
alheia a toda fraude .

Eis meu pobre elefante
pronto para sair
à procura de amigos
num mundo enfastiado
que já não crê nos bichos
e duvida das coisas .
Ei-lo , massa imponente
e frágil , que se abana
e move lentamente
a pele costurada
onde há flores de pano
e nuvens , alusões
a um mundo mais poético
onde o amor reagrupa
as formas naturais .

Vai meu elefante
pela rua povoada ,
mas não o querem ver
nem mesmo para rir
da cauda que ameaça
deixá-lo ir sozinho .

É todo graça . embora
as pernas não ajudem
e seu ventre balofo
se arrisque a desabar
ao mais leve empurrão .
Mostra com elegância
sua mínima vida ,
e não há na cidade
alma que se disponha
a recolher em si
desse corpo sensível
a fugitiva imagem ,
a passo desastrado
mas faminto e tocante .

Mas faminto de seres
e situações patéticas ,
de encontros ao luar
no mais profundo oceano ,
sob a raiz das árvores
ou no seio das conchas ,
de luzes que não cegam
e brilham através
dos troncos mais espessos .
Esse passo vai
sem esmagar as plantas
no campo de batalha ,
a procura de sítios ,
segredos , episódios
não contados em livro ,
de que apenas o vento ,
as folhas , a formiga
reconhecem o talhe ,
mas que os homens ignoram ,
pois só ousam mostrar-se
sob a paz das cortinas
à pálpebra cerrada .

E já tarde da noite
volta meu elefante ,
mas volta fatigado,
as patas vacilantes
se desmancham no pó .
Ele não encontrou
o que carecia ,
o de que carecemos ,
eu e meu elefante ,
em que amo disfarçar-me .
Exausto de pesquisa ,
caiu-lhe o vasto engenho
como simples papel .
A cola se dissolve
e todo o seu conteúdo
de perdão , de carícia ,
de pluma , de algodão ,
jorra sobre o tapete ,
qual mito desmontado .
Amanhã recomeço .

domingo, 10 de janeiro de 2010

Férias

OU pelo menos eu resolvi que daqui pra frente são ferias. Como eles ousam mandar a gente fazer vestibular no paraíso? Isso é muito errado. Que bom que a Bia tem aula de história da química e não eu aula de química da história. Isso também seria errado.
Bom, estou aqui para comemorar as primeiras férias sem fazer listas desde que... desde muito tempo. Acho que apesar de não ter nada pra pensar nem pra lembrar, isso significa mais que tudo que não tem nada pra esquecer. Isso é bom. E eu ando ocupada demais com o meu diário com imagens e fotos e todas aquelas coisas menininhas pra me preocupar com listas do que eu tenho e quer fazer. Viva as não listas na minha vida até dia 4!

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010


Agora sim o verão pode chegar

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

A porta vai estar só encostada. Não se preocupe em tentar não me acordar. Eu nem devo estar dormindo, no máximo um sono leve.

sábado, 2 de janeiro de 2010

Acho que eu vou fazer história porque eu tenho muito medo de ser esquecida