segunda-feira, 15 de março de 2010

Estava prestes a fechar a mala. Como estava vazia. Será que realmente não faltava nada? Não teve paciência para conferir. Fechou-a depressa como se fosse se arrepender caso não a fechasse naquele segundo. Não precisaria de muito mais. Caso precisasse teria como arranjar o que fosse. O desconhecido não era deserto, nem tão desconhecido assim era.
Tinha tudo já planejado em detalhes e mesmo assim levava na mala lugar para se surpreender.
Olhou para todo o quarto. A mala era um corpo estranho a ele. Era tudo o que levaria daquele lugar. Tirou alguns segundo para encarar tudo que deixaria. Se um dia voltaria? Se tudo estaria no lugar?
Voltou a olhar para o retângulo destoante em cima da cama. Era como se fugisse de casa, mas dessa vez era de verdade, não apenas um par de sapatos, bolachas e um urso de pelúcia numa trouxa. Era sério demais.
O quarto olhando a mala já a via como estranha. Não havia mais lugar naquele quarto pra ela. Não daquele jeito e a única maneira de abrir espaço era tomando o caminho mais comprido.
Pegou a mala.
Saiu pela porta com passos que fingiam ser decididos.
Antes de fechar totalmente a porta olhou para o interior do quarto. Ela voltaria, mas o conteúdo da mala seria outro.

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