segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Suícida Urbano Paulista

Sentada num banco de praça me veio a memória aqueles trilhos a me fitar, o barulho de meus sapatos se aproximando e por fim o vento produzido por meu carrasco. Sorri ao pensar na ironia que era estar na consolação.

E assim começam a trafegar os pensamentos de um suicida numa grande metrópole como São Paulo. São infinitas as causas que levam alguém a dar cabo a sua vida e infinitos os meio para tal. Após decididos os dois primeiro fatores os que optam pelo trilhos do mêtro ainda sofrem mais um dilema. São 50 estações diferentes para escolher.
Aos que mesmo após a decisão não abrem mão de sua forte religiosidade católica sugiro morrer na Santa Cruz ou Belém. Mas lembro que estas não são as únicas opções. Há quem prefira São Judas, São Bento, São Joaquim, Santuário Nossa Senhora de Fátima-Sumaré e até mesmo a própria Sé.
Outros repletos de opções são os patriotas. Estes escolhem entre Alto do Ipiranga, Tiradentes, República, Marechal Deodoro e Pedro II.
Aos de fato Paulistanos, por que não Jardim São Paulo? E ao forasteiros Imigrantes, Armênia, Vila Inglesa ou Portuguesa-Tiête.
Aos que chegam ao fim por desilusão amorosa os possíveis nomes de amadas são vários: Conceição, Mariana, Ana Rosa, Madalena, Gulhermina, Matilde e Cecília. Se não é nenhuma dessas ainda há a Consolação.
Aos eco-suicidas, a Praça da árvore, aos esotéricos morte na Luz, aos oprimidos Liberdade, aos esperançosos Paraíso ou a própria Esperança. Aos conservadores Patriarca e aos playboys Carrão.
Para os palmerenses, Barra Funda; corinthianos, Itaquera, embora ainda haja Carandiru. Aos são paulinos, sugiro que esperem o mêtro da Oscar Freire ficar pronto na linha amarela.
Para os que não estão seguros de sua decisão, Clínicas; aos irônicos Saúde; aos artistas, Trianon-Masp; aos gulosos, Brigadeiro
A quem não quer nada disso ainda resta morrer em uma daquelas que todos sabem o nome, porém o significado ainda é desconhecido: Jabaquara, Tucuruvi, Chácara Klabin, Penha, Bresser Moóca, Brás ou Anhangabaú.

Porém não posso esquecer do exemplar mais comum de suicida urbano paulistano. O prático e apressado que sem perder tempo no planejamento de se próprio suícidio se dirige ao mêtro mais próximo.
Alguns até sem tempo para o próprio suícidio permanecem vivos, numa vida morta pela rotina e pelos afazeres. São estes que de tão acostumados já nem lêem mais os nomes das estações

Um comentário:

RenataR. disse...

ju
foi vc que escreveu isso? O.o ta mto bom!
e isso que voce disse "Alguns até sem tempo para o próprio suícidio permanecem vivos, numa vida morta pela rotina e pelos afazeres." faz mto sentido, eu nunca tinha parado para pensar nisso (rotina) sobre esse ponto de vista =/
anyways, parabens pelo texto =]