Você precisava vê-la.
Ela saiu do banho e se lambuzou de cremes com cheiros. Ainda enrolada na toalha, se cobrindo de ninguém, pintou as unhas de vinho. Penteou os cabelos e se vestiu. Escolheu a roupa minuciosamente. Toda de preto como a muito não ficava tinha uma beleza diferente, talvez melancólica. Elegante. Depois pintou os olhos se prometendo que não choraria para não borrar a maquiagem. Borrifou o perfume caro que vinha no frasco esquisito. Nunca havia se arrumado tanto. Queria estar linda. Hoje era especial.
Tomou um café e fumou pra se acalmar. Mascou um chiclé de menta pra disfarçar. Pegou o casaco e o guarda chuva e saiu na rua sozinha na escuridão das 3 da tarde. Não era dia de nada. Ninguém a esperava, mas nada importava. Celebrava sua solidão. Celebrava as partidas, a todos que a deixaram. Finalmente conseguia deixar tudo para traz. Era, por um segundo, rainha de si mesma.
Você precisava vê-la.
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