Mais um gole de café, mais uma mordida no chocolate. Como era possível tudo ter gosto cinza? Era como se a cor do céu contaminasse tudo. Seria o céu que deixava as coisas cinzas ou antes disso ela deixara o céu cinza? Nada doía, nem nada estava fora do lugar. Ela havia sido deixada, mas sabia que aguentaria. Poderia ficar mais muito tempo sentada naquele café acompanhada da xícara e do chocolate. Só não suportava aquele monocromatismo constante em sua vida. Ele levara tudo com ele deixando-a sem cores e sem vontades. Nada a apetecia, nem a volta dele fariam seus olhos brilharem. Ela era só névoa.
Imóvel sentada no café completamente vazia ela esperava que qualquer coisa acontecesse. Esperava que alguma vontade viesse e caso não viesse continuaria ali sentada afinal nada estava doendo ou fora do lugar. Era apenas cinza.
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