sexta-feira, 27 de agosto de 2010

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Um estranho:

Querido leitor,
Se você não me conhece não vale a pena que eu me apresente. De que adianta saber meu nome nome ou o que eu faço. Isso também não faria com que você me conhecesse. Te incomoda falar com um estranho? E você quem é? Você se apresentaria a um estranho? Como? Bastaria dizer seu nome e a sua profissão?
Eu acho que as pessoas são muito mais que isso. Quando conheço alguém nunca digo o meu nome, só uma silaba, não gosto dele. Inclusive eu escrevo usando um pseudônimo, mas eu sempre digo feliz o que eu faço da vida. Pensando agora eu costumo dizer que não tenho certeza se é isso que eu quero, mas acho que sou feliz a ponto de me apresentar assim. Você gosta do que você faz? Isso diz alguma coisa sobre você, mas você gostaria que dissesse?
O que mais você diz. Tem gente que acredita que é o que consome. É difícil não fazer isso. Digo oi eu gosto de rock e chocolate branco. Significa que você consome isso, mas o que você não consome?
Entramos numa conversa clichê, mas é difícil ter conversar que não sejam assim com um desconhecido. Quer falar sobre o tempo? É uma conversa que você pode ter no metro ou no elevador, pois não revela nada de você. Simplesmente se diz "como esfriou hoje". Não importa se você gosta ou não do frio. Importa é como está. Normalmente nessas conversas todos tem o mesmo ideal aquele dia 21ºC ensolarado. Não quente, não frio, não chuva. Por mais que você goste de sair de havaiana no calor, de acender a lareira no frio ou de tomar chuva no elevador você prefere dias perfeitos pra não revelar nada pra velinha que vem puxar conversa no ponto de ônibus.
Por que a gente não gosta que saibam quem a gente é?
Quem é você?

Atenciosamente,

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