sábado, 28 de agosto de 2010

7-

Seu ex-namorado:

Oi Pe,

De todas essas cartas essa deve ser a pior de todas. Não digo que é a mais difícil porque eu escrevi várias sem ter o que dizer. Não é o seu caso, mas a sua é sempre pior. Eu não sei das milhões de coisas que eu tenho pra dizer o que eu devo dizer. Eu tenho muito medo do que você pensa de mim. Eu te admiro muito então eu quero que você me aprove.
É tanta coisa que eu comecei o caderno amarelo me dirigindo a você. Ainda escrevo ele pra você, mas antes era mais pra me justificar. Agora é só um interlocutor que eu gosto de dividir minha vida. O caderno amarelo é como o verde que eu te dei, só que ele é escrito inteiro em azul e ele é menos bobo e apaixonado. No fim eu gosto mais dele, mas eu gostava mais da minha vida no verde. 
Acho que eu não vou te dar ele, já não faz mais sentido. Ele pode ser só uma forma de ainda me prender a idéia que tenho de você, mas essa idéia eu não quero perder nunca. Continuo acreditando em histórias incríveis e maravilhosas, torço por elas cada vez que vejo um sorriso no rosto de uma amiga ou amigo, mas desacredito nos contos de fadas ao meu respeito. Acho que eu já tive o meu.
Não sei se aqui eu escrevo pensando nesse personagem que eu inventei para você ser na minha história ou se é pra você mesmo. Na veradade acho que nem te conheço mais. Como você está? Lembra da caixa laranja? Eu sei que é muito chato, mas eu vivo me perguntando o que de mim ficou em você ou como você me vê.
Muitas vezes eu fui muito chata com você. Tudo porque eu tinha muito medo de me afastar. No fim você me afastou e talvez tenha sido até melhor. Eu mudei muito. Não muito do jeito que eu gostaria. É como eu falo: Quando eu termino com alguém eu procuro ser tudo que ele não queria que eu fosse.
Acho que você era responsável por me manter sã e salva o que tem sido difícil ultimamente.
Ainda não sei como você gostou de mim por tanto tempo. Mesmo. Acho que ninguém nunca mais vai gostar. Eu também num consigo gostar de mais ninguém nem querer nada de muito mais. Eu sei que não vai ser como a gente e eu sei que a gente nunca mais vai ser como no caderno verde, mas é bom saber como as coisas podem ser boas.
Tem mais milhões de coisas que eu talvez quisesse te dizer. Quem sabe não te dou o caderno amarelo falando de tudo mesmo que você não leia. Ah, um pedido: Termina de escrever o verde. Escreve agora a tua história.



Beijos Ju

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